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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Eu sou um primata não evolutivo. Cresço não do que vêm de dentro para fora.
Eu sou uma cachorra sem dona, um botequim sem terra.
Sou um ET sem espaço, um ado sem quadrado.
Não danço manso nem tenho dança certa, faço a hora por milagre, acontecer.
Eu sou meu ruído de dor, minha gota de amor.
Sou o sabor do meu sangue, a alegria da minha felicidade.
Minha felicidade irreal. Mal olho para o relógio e já passou.
Eu sou à beira da minha própria morte, a minha vida vivida em contramão.
Preciso não esta aqui implorando a vida por estar, mas quero está, estar.
Quero não a matemática dividida, nem os erros de português acrescentados.
Sou o doentio não doente , a fugitiva que não foi presa.
Eu sou tanta coisa e ao mesmo tempo eu não sou nada.
Fui meu alvo atingido, sem espera na certa e pergunto-me agora:
‘Qual a razão de se viver?’
Quero não estar morta, não sei sentir morrendo.
Quero abrir meus olhos já abertos, sentir o que já não posso.
Quero atrasar o relógio, voltar ao tempo ou até mesmo, quebrar os ponteiros. Mas como se não quero parar?
Quero organizar a bagunça desorganizada, lavar as roupas sujas que já não pode ser lavadas.
Quero não ver o arrepio do meu corpo nem o coração parado. Procuro meus passos lentos e não acho nem o contrário.
Onde estão?
Onde está?
Os amigos, os horários, a vida. O relógio que era o meu tempo, hoje só aparece no escuro da noite. Engraçado que estou sempre só.

2 comentários:

ticoético disse...

hahaha,bem legal,só não entendi o "botequim sem terra" foi no sentido d espaço,terreno??!
mas enfim,belo texto-poema e sim,tô tocando violão e aprendendo mais ! ;D
abraço !

George Ardilles disse...

Só com palavras. A única companheira fiel do poeta. Às vezes elas enganam, mas é sempre solidão.

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